Nos últimos anos, o cenário econômico e educacional no Brasil tem se transformado significativamente, refletindo nas mais diferentes áreas de atuação profissional. Esses reflexos são evidentes, principalmente, no setor da construção civil, com a escassez de mão de obra qualificada mesmo em um contexto de crescente expansão do ensino superior. A transformação não é apenas um dado estatístico, mas um desafio concreto enfrentado diariamente por empresas do setor.
Em um evento recente promovido pelo UBS BB, Ubirajara Freitas, CEO da Tegra Incorporadora, destacou que, atualmente, é cada vez mais comum a trajetória de filhos de mestres de obras que se tornam engenheiros, mas que não desejam trabalhar na prática nos canteiros de obras. Isso, segundo Freitas, tem levado a uma busca por alternativas que possam suprir a carência de mão de obra, o que inclui a industrialização dos processos de construção.
Essas mudanças estruturais refletem um desenvolvimento social no qual 23% dos trabalhadores brasileiros possuem ensino superior completo, segundo o IBGE. Essa conquista, um marco histórico, embora traga benefícios em vários aspectos, também apresenta desafios significativos para setores como o da construção civil. A adaptação a esse novo contexto torna-se necessária, demandando soluções criativas e eficazes para que o setor continue a avançar.
Para enfrentar a escassez de mão de obra, a Tegra Incorporadora investe na pré-fabricação de estruturas em ambiente industrial e na internalização de prestadores de serviços, geralmente terceirizados. Ubirajara Freitas destaca que essa estratégia facilita a retenção de talentos nos momentos de maior demanda e dificuldade na contratação de profissionais qualificados. Ao internalizar os serviços, a empresa possibilita maior controle sobre a qualidade do trabalho.
Além disso, a aposta na qualificação constante dos trabalhadores e sua integração através do uso de tecnologias modernas, como smartphones e tablets, mostra-se essencial para o sucesso da empresa. Essa abordagem não apenas melhora a performance operacional, mas também contribui para a criação de um ambiente de trabalho mais moderno e eficiente.
Outro ponto crucial para as grandes incorporadoras, como a Direcional, é entender o público-alvo. No caso da Direcional, suas obras visam, principalmente, atender ao programa Minha Casa Minha Vida, sendo muitos dos trabalhadores pessoas que também se beneficiam deste projeto. Isso cria um ciclo virtuoso onde o desenvolvimento da empresa e o aumento da qualidade de vida dos trabalhadores caminham juntos.
Visão Geral sobre a Escassez de Mão de Obra na Construção Civil
Em meio a um cenário de inflação controlada, mas com uma taxa de juros ainda elevada, as incorporadoras precisam se planejar cuidadosamente para enfrentar os desafios econômicos atuais. Manter uma margem de lucro sustentável tornou-se mais complexo, exigindo administração criteriosa dos custos sem perder de vista o objetivo de longo prazo. Isso demanda uma gestão eficiente e inovadora, focada não apenas em resultados imediatos, mas na expansão sustentável.
O CEO da Direcional, Ricardo Valadares Gontijo, ressalta que o sucesso do setor depende, em grande parte, de fatores como o financiamento adequado do FGTS e a capacidade de atender à demanda do programa habitacional. Com uma moderação no crescimento esperado para 2024, as empresas precisarão encontrar novas formas de equilibrar seus planos de expansão e a disponibilidade de recursos financeiros.
No passado, as margens de lucro eram significativamente mais altas, atingindo até 30%. Atualmente, obter uma margem de 16% já é considerado positivo diante dos desafios econômicos e do aumento da concorrência. Isso reflete um cenário desafiador, onde a eficácia das empresas na gestão de custos e na inovação determinará seu sucesso a longo prazo.
Características do Desafio
- Evolução educacional com aumento de formação superior.
- Industrialização dos processos de construção.
- Integração e treinamento de trabalhadores.
- Dependência de programas habitacionais.
Benefícios das Novas Estratégias
Implementar inovações no setor da construção civil pode trazer inúmeros benefícios, desde o aumento da eficiência operacional até a melhoria na qualidade do produto final. Além disso, ao investir na qualificação dos trabalhadores, as empresas conseguem reter talentos e melhorar o engajamento, resultando em um ambiente de trabalho mais motivado e produtivo.
A adoção de tecnologias modernas otimizou a comunicação interna e a execução de projetos, resultando em entregas mais rápidas e eficientes. Outro benefício é a redução de custos a longo prazo, ao minimizar desperdícios e maximizar o uso de recursos. Dessa forma, as empresas conseguem se adaptar melhor às flutuações do mercado e manter um crescimento sustentável.
Os esforços para estabilizar o mercado de trabalho e conter a inflação contribuem para um ambiente econômico mais saudável, permitindo que as empresas se expandam de maneira controlada e planejada. Ao focar em estratégias de longo prazo, as incorporadoras conseguem alinhar seus interesses ao desenvolvimento social, favorecendo a construção de cidades mais inclusivas e sustentáveis.
No mercado atual, marcar presença de forma competitiva requer adaptação às novas realidades industriais e sociais. As empresas que conseguirem implementar essas mudanças rapidamente terão mais chances de se destacar e prosperar nos próximos anos. A capacidade de inovar e evoluir diante de desafios crescentes é essencial para o sucesso contínuo no setor da construção civil.
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